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Artrite Reumatóide no Quadril

 

A artrite reumatóide é uma doença auto- imune altamente incapacitante. Ela ocorre quando o próprio sistema imunológico do paciente, que deveria ser sua defesa, começa a atacar as articulações como mãos, punhos, joelhos e quadris.

Neste texto falarei sore a importância do acometimento da articulação do quadril na Artrite Reumatóide que é um dos tipo de artrite inflamatória.

Como cirurgião de quadril, vejo que há diversas diferenças entre um paciente que tem artrite reumatóide de um paciente que tenha artrose causada pelo envelhecimento da articulação.

Ela é 2 a 3 vezes mais frequente nas mulheres. É muito comum que ela ataque as articulações dos dois lados do corpo. Além das articulações, a artrite reumatóide pode causar lesões na pele, nos olhos, pulmões e coração.

Estima-se que cerca de 15% da população tenha algum tipo de artrite e que 0,5% da população brasileira (cerca 1 milhão de pessoas) tenha Artrite Reumatóide.

Qual a causa da Artrite Reumatóide?

A artrite reumatóide é uma doença auto- imune, ou seja, o próprio sistema imunológico do paciente que deveria defendê-lo o acaba atacando e causa uma resposta inflamatória exacerbada.

Não se sabe a causa exata desta doença, mas existem alguns fatores fortemente associados:

• Genética: associação com antígeno HLA (human leukocyte antigen). Pessoas da mesma família têm mais chance de desenvolver artrite reumatóide.
• Fatores ambientais.
• Tabagismo.
• Hormônios

Quais os sintomas da artrite reumatóide?

A artrite reumatóide causa inflamação crônica das articulações, que também é chamada de sinovite.

Essa inflamação crônica é responsável por causar os sintomas como:

• Dor articular.
• Rigidez matinal prolongada.
• Aumento de volume local.
• Nódulo reumatóides.
• Derrame (líquido) articular.
• Deformidades articulares.

As articulações mais acometidas são as pequenas articulações das mãos e punhos, mas grandes articulações como joelho e quadril também podem ser afetadas.

A grande maioria dos pacientes têm as duas mãos e punhos com rigidez matinal que melhora durante o dia. Outros sintomas como cansaço, indisposição e falta de apetite podem estar presentes também.

 

Quais os sintomas da artrite reumatóide no quadril?

Caso o quadril seja acometido pela artrite reumatóide, o paciente poderá apresentar:

• Dor na região da virilha (inguinal).
• Marcha com claudicação “marcha manca”.
• Rigidez articular.
• Irradiação da dor para coxa.
• Dor que piora de manhã e após longos períodos sentado.
• Dor que melhora com movimentação leve, mas piora com atividade física.

 

Como a artrite reumatóide afeta o quadril?

Inicialmente, o quadro clínico costuma ser discreto. Como passar do tempo, os sintomas ficam mais presentes e podem afetar e limitar diversas atividades como:

• Corridas.
• Ginástica.
• Bicicleta.
• Dança.
• Caminhadas.
• Agachamentos.
• Subir e descer escadas.
• Levantar de cadeiras.
• Agachamentos.
• Trocar de roupa.
• Colocar calçados.

No início do quadro, as dores podem incomodar apenas em algumas situações cotidianas e durante a atividade física. O paciente sente uma espécie de rigidez matinal, que melhora com o decorrer do dia e com a movimentação do quadril.

Com a evolução da artrite, as dores podem ficar constantes mesmo após o término das atividades e com uma intensidade cada vez maior.

 

 

Como é feito o diagnóstico de artrite reumatóide?

A artrite reumatóide pode ser difícil de ser diagnosticada pois ela pode ser semelhante a outras doenças reumáticas como lúpus e fibromialgia, no estágio inicial. Não há um exame específico para confirmar o diagnóstico, mas exames de sangue podem mostrar autoanticorpos e marcadores de inflamação que podem contribuir no diagnóstico.

Também é importante saber a história familiar já que a genética pode desempenhar um papel importante nessa doença. Caso um membro da família já tenha artrite reumatóide, aumentam as chances de se confirmar o diagnóstico.

Como é feito o diagnóstico de artrite reumatóide no quadril?

Em geral, o paciente com artrite reumatóide no quadril já tem o diagnóstico prévio pelos sintomas localizados em outras articulações.

Caso não tenha sido feito o diagnóstico previamente, e houver suspeita de artrite reumatóide no quadril, o médico assistente irá investigar a história, realizar o exame físico e pedirá exames diagnósticos. Exames de sangue e de imagem como radiografias, ultrassonografia e ressonância magnética podem confirmar a suspeita.

No quadril, a artrite reumatóide pode causar diversas alterações como diminuição acentuada espessura da cartilagem articular, cistos subcorticais, geodos e osteófitos que são sinais de desgaste articular.

A ressonância magnética confirma os achados da radiografia com maior detalhe e além disso mostra derrame articular (líquido), lesões labrais, corpos livres articulares e sinovite que podem ser muito exacerbadas nesta doença.

 

Artrite reumatóide tem cura?

Infelizmente não. A artrite reumatóide não tem cura mas existem várias modalidades de tratamento que podem controlar a doença e seus sintomas.

É importante que este tratamento seja feito de forma mais precoce possível para evitar a incapacidade funcional e lesão articular irreversível.

O objetivo do tratamento é conseguir é a remissão da doença ou pelo menos a diminuição de sua atividade. Isto é feito conseguindo diminuir a inflamação e desgaste articular e consequentemente os sintomas relacionados a ela.

 

Qual o tratamento para artrite reumatóide?

O tratamento da artrite reumatóide é multidisciplinar e coordenado pelo médico reumatologista.

As modalidades de tratamento são divididas em 3 grandes áreas:

• • Tratamentos não- medicamentosos
  • Tratamentos medicamentosos.
  • Tratamentos cirúrgicos.

 

• Tratamentos não- medicamentosos (Mudanças de estilo de vida e terapias de manutenção)

A Artrite Reumatóide é uma doença que precisa de abordagem de vários aspectos da vida do paciente para que haja sucesso no tratamento.

É importante lembrar que o repouso prolongado é tão danoso quanto o excesso de carga na articulação. Dentre as opções recomendadas podemos citar:

• Atividade física regular (fortalecimento e condicionamento).
• Fisioterapia e Terapia ocupacional (alongamentos, treinamento de atividades de vida diária).
• Uso de órteses (prevenção e controle de deformidades).
• Controle de doenças associadas como Hipertensão de Diabetes e Osteoporose.
• Atualização de vacinas

 

• Tratamento medicamentoso

O uso dos medicamentos é uma base importante do tratamento. Existem os medicamentos sintomáticos e aqueles que são utilizados para o controle da doença propriamente ditos:

• Sintomáticos
  • Anti-inflamatórios não hormonais (ex: diclofenaco, cetroprofeno, celecoxibe).
  • Glicocorticóides (ex: prednisona, dexametasona, diprospan)
  • Analgésicos comuns (ex: dipirona, paracetamol).
  • Analgésicos opióides (ex: tramadol, codeína, oxicodona).

 

• Drogas modificadoras do curso da doença (DMCD)

– Hidroxicloroquina.

– Metotrexate.

– Sulfassalazina.

– Leflunomida.

– Azatioprina.

– Ciclosporina.

 

Atualmente, existem outras classes de medicamentos que são conhecidas como agentes biológicos e que também podem ser utilizadas no tratamento.

 

Qual o tratamento da artrite reumatóide no quadril?

Inicialmente o tratamento deve ser focado tanto da doença quanto na articulação, ou seja, todas as orientações de hábitos e medicamentos para controle da doença devem ser mantidas.

Deve ser tentado manter a flexibilidade e fortalecimento da musculatura ao redor do quadril. Nos casos mais dolorosos, o uso de um apoio como uma muleta ou bengala pode ajudar na marcha e no controle de dor.

A fisioterapia pode auxiliar tanto na preservação de mobilidade como no controle de dor.

Na maioria dos casos de artrite reumatóide, a dor no quadril é proveniente da lesão da cartilagem articular, mas pode haver outras causas como:

• Bursite
• Tendinite
• Atrito da banda iliotibial
• Osteonecrose da cabeça femoral
• Pioartrite
• Osteomielite
• Outros

É importante diagnosticar a fonte correta de dor e realizar o tratamento específico para ela.

Em alguns casos, podem ser realizados alguns tratamentos não- cirúrgicos como:

• Uso de analgésicos.
• Fisioterapia
• Alongamentos
• Compressas de gelo e calor.
• Infiltrações.

Caso essas medidas não surtam efeito e a deterioração da articulação e do quadro clínico sejam irreversíveis, deverá ser discutida a possibilidade de cirurgia. Neste caso, a lesão da cartilagem articular irreversível levará a uma indicação de uma artroplastia de quadril.

É importante lembrar também , que o paciente com artrite reumatóide tem um risco maior de fratura do fêmur , na região do quadril por conta da osteoporose exacerbada nestes pacientes. Portanto, é muito importante a prevenção de quedas no paciente com artrite reumatóide.

 

Quando a cirurgia no paciente com artrite reumatóide deve ser realizada?

Os medicamentos podem atrasar a evolução da artrite reumatóide, mas em alguns momentos a lesão da cartilagem articular pode ser irreversível. Este pode ser o momento do paciente com artrite reumatóide pensar na possibilidade de cirurgia.

As cirurgias mais realizadas nos pacientes com artrite reumatóide são.

• Sinovectomia (ressecção da sinóvia inflamada).
• Artroplastia (substituição da articulação danificada por uma prótese).

Pode haver indicação de cirurgia nos pacientes com artrite reumatóide nos casos em que as medidas conservadoras com mudança de estilo de vida e medicamentos não foram suficientes para controlar os sintomas e o paciente continua com grandes restrições de suas atividades de vida diária.

O principal motivo para um paciente com artrite reumatóide ser submetido à uma cirurgia é aliviar sua dor e ganhar movimento e função.

É muito importante procurar o reumatologista e o ortopedista para que eles expliquem como podem te ajudar e os resultados que podem ser obtidos com a cirurgia.

Assim como em qualquer cirurgia, existem riscos , mas se houver uma demora exagerada em realizar esta cirurgia, pode ser que não tenha o resultado desejado. É importante esclarecer suas dúvidas e expectativas com a equipe médica.

 

O que o médico leva em conta para indicar a cirurgia?

• Idade do paciente.
• Nível de dor.
• Grau de desgaste da articulação.
• Progressão da doença.
• Tratamento clínico utilizado.

 

Cirurgia de artroplastia de quadril no paciente com artrite reumatóide

A cirurgia de artroplastia de quadril pode ser uma boa opção nos pacientes com grande lesão de cartilagem articular e com dor limitante.

Nestes casos deve ser feita uma artroplastia total de quadril já que a lesão articular ocorre tanto na cabeça do fêmur quanto na região da bacia, chamada de acetábulo. A cirurgia consiste na substituição da articulação danificada do paciente por uma prótese de quadril.

Esta cirurgia permite uma melhora importante da função e a grande maioria dos pacientes têm resolução do quadro de dor. Ela melhora de forma significativa a qualidade de vida do paciente.

Normalmente, esta cirurgia deve ser feita por um médico ortopedista especialista em quadril que irá orientar todos os aspectos relacionados com a cirurgia. Estima-se que 80% dos pacientes ainda terá um bom resultado após 15 anos de cirurgia.

É relativamente comum que o paciente com artrite reumatóide tenha que ser submetido à cirurgia nos dois lados, já que a doença é sistêmica, e todas as articulações do corpo podem ser afetados por ela.

Conclusão

A artrite reumatóide no quadril pode ser altamente incapacitante. Hoje existem novos medicamentos que podem impedir a progressão da doença e a destruição das articulações.

O tratamento precoce e contínuo pode ajudar a preservar a articulação do quadril. Nos casos mais graves que evoluem com artrite crônica e destruição da articulação do quadril, a cirurgia de artroplastia total do quadril pode aliviar a dor, melhorar o movimento e ajudar os pacientes a voltar a realizar suas atividades diárias com uma boa qualidade de vida.

 

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Dr. Daniel Rebolledo é ortopedista e traumatologista especialista em Oncologia Ortopédica e Cirurgia do Quadril.

 

Referências

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5. REUMATOLOGIA CLÍNICA Atualização do Consenso Brasileiro no Diagnóstico e Tratamento da Artrite Reumatoide DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIAS.