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Você quer saber o que é pubalgia? Pubalgia tem cura?
Pubalgia é uma doença na qual ocorre inflamação no osso do púbis e nos tecidos ao seu redor como sínfise púbica e origem tendíneas. A pubalgia também é conhecida como osteíte púbica.
A pubalgia normalmente acontece em atletas por traumas repetitivos e sobrecargas, mas também pode ocorrer em mulheres grávidas pela mudança na distribuição de carga na região da bacia. A inflamação do púbis é o problema principal da pubalgia.
O que é púbis?
Púbis é um osso da Bacia que fica na frente e na região inferior da pelve. Ele participa da formação do anel pélvico, protege os órgão da pelve como bexiga, próstata (homem) e útero (mulher)e também serve para origem e inserção de músculos do abdome e coxa.
Todos nós temos 2 púbis, um do lado direito e outro do lado esquerdo e eles estão unidos por uma fibrocartilagem chamada de sínfise púbica. Alguns grupos musculares se inserem no púbis como os músculos do abdômen e os adutores da coxa que também podem ficar inflamados na pubalgia. Toda esta região púbica está sujeita ao processo de inflamação chamada de pubalgia.
Fatores de risco
A pubalgia ou osteíte púbica ocorre principalmente em atletas que praticam esportes com movimentos rotacionais dos membros inferiores. No Brasil, o esporte mais relacionado com a lesão no púbis é o futebol, mas pode ocorrer em corredores, lutadores e em vários esportes em geral.
Dentre os principais fatores de risco , podemos citar:
- Esportes de alto impacto.
- Artrose
- Traumas repetitivos.
- Traumas cirúrgicos.
O que causa a pubalgia?
A pubalgia está relacionada com atividades que sobrecarregam a região do púbis.
Esportes com movimentos repetitivos dos membros inferiores como futebol, saltos, corridas, skate podem provocar uma sobrecarga mecânica nesta região.
A gestação, assim como um trabalho de parto prolongado, com uma contração forte e prolongada da musculatura abdominal também podem causar dor na região púbica.
Outra causa de inflamação no púbis são cirurgias realizadas na região pélvica, como prostatectomia, fixação de fraturas ou correção de hérnias inguinais.
Pubalgia sintomas
A pubalgia pode causar alguns sintomas que favorecem o seu diagnóstico. Muitas vezes os sintomas são um pouco vagos e nem sempre localizados. Dentre os principais sintomas, posso citar:
- Dor na virilha.
- Dor irradiada para face interna da coxa
- Dor na região abdominal baixa.
- Marcha claudicante ou “marcha manca”.
A dor pode piorar com atividades que aumentem a pressão na região pélvica como:
- Esportes (futebol, corridas, lutas, saltos, etc)
- Tosse e espirros.
- Deitar de lado.
- Subir e descer escadas.
- Levantar da cama.
Além disso, a dor pode ser referida como aguda durante a atividade esportiva, ou uma dor vaga, “chata”, “incômoda” após a atividade física.
Como é feito o diagnóstico de pubalgia?
Caso você faça parte dos grupos de maior risco e tenha sintomas suspeitos de pubalgia, procure um médico especialista para avaliação e confirmação do diagnóstico.
Algumas doenças que podem se confundir com pubalgia são:
- Hérnias inguinais.
- Osteoartrose.
- Infecção (Osteomielite, abscesso).
- Alterações do sistema urinário (prostatite, infecção, tumores).
- Alterações do sistema ginecológico (endometriose, cistos, tumores).
Alguns testes especiais podem ser feitos no exames físico como palpação do púbis, compressão lateral da Bacia, rotação externa do quadril, abdominais, teste de adução contra resistência, entre outros.
O diagnóstico da osteíte púbica é feito pela história, exame físico e exames de imagem como:
- Radiografia.
- Ultrassonografia.
- Ressonância Magnética (melhor exame).
Teste para pubalgia
O melhor teste para diagnóstico da pubalgia é a compressão do osso do púbis. Ele é muito simples de ser feito.
Seu médico irá palpar os 2 púbis e irá fazer pressão sobre os dois lados. Caso você sinta dor, o teste é positivo para pubalgia.
Outro teste que pode ser útil, é pedir para o paciente ficar apoiado em uma perna só e verificar se os sintomas dolorosos aparecem.
Pubalgia na gravidez
Devido às alterações hormonais da gestante, os ligamentos da bacia, incluindo a sínfise púbica ficam mais frouxos. Desta forma, isto permite uma dilatação desta articulação, o que pode ser fonte de dor durante, ou após a gestação.
Como existe uma restrição no uso de medicamentos em gestantes, o foco do tratamento está no uso de cintas, orientação postural, exercícios, acupuntura e outras medidas conservadoras.
Pubalgia no futebol
Os praticantes de futebol são, com certeza , os pacientes que mais apresentam pubalgia no Brasil. Os movimentos de impacto na corrida, torções do corpo e movimento do chute causam sobrecargas na região do púbis destes atletas.
Antigamente este era um problema restrito à jogadores de futebol profissionais, mas tem sido cada vez mais comum em atletas amadores.
Pubalgia tratamento
O tratamento da pubalgia (osteíte púbica) varia desde medidas conservadoras com repouso das atividades esportivas e analgésicos, até o tratamento cirúrgico. Este tratamento deve ser realizado por ortopedista se outras causas de dor na virilha puderem ser descartadas.
Tratamento conservador
O tratamento conservador da osteíte púbica tem bom resultado na maioria dos casos e deve ser indicado no início do tratamento de todos os casos. Este tipo de tratamento consiste em:
- Afastamento das atividades esportivas
- Fisioterapia analgésica e para posterior recondicionamento.
- Uso de de antiinflamatórios e analgésicos.
- Gelo e/ou calor local.
- Uso de apoios como bengalas ou muletas.
- Infiltrações com anestésicos de corticóides.
O que é melhor? Gelo ou calor?
Não existe evidência de que gelo seja melhor que calor ou vice-versa. O mais importante, é que ambos podem ser utilizados no tratamento e acordo com a resposta do paciente.
Em geral recomendo iniciar com gelo a cada 20 minutos 3 a 4 vezes ao dia nos primeiros dias de dor depois intercalar com compressas de calor para avaliar com qual existe a melhor resposta.
Fisioterapia
A fisioterapia é um dos pilares no tratamento da osteíte púbica. Na fisioterapia são utilizadas diversas técnicas no tratamento como:
- Alongamentos.
- Aparelhos para alívio de dor.
- Fortalecimentos de grupos musculares centrais ou “core”.
- Liberação miofascial.
- Treinos de equilíbrio e propriocepção.
- Correção de desequilíbrios posturais.
- Correção de técnicas respiratórias.
- Preparo para retorno ao esporte.
Pubalgia: exercícios
Muitas pessoas têm dúvidas em relação aos exercícios que podem e os que devem fazer enquanto estão no tratamento da osteíte púbica.
É importante não fazer nenhum exercício que provoque dor . Os alongamentos de membros inferiores, região glútea e lombar são importantes para o correto equilíbrio da musculatura central e prevenção de novas sobrecargas da região púbica.
Veja alguns exercícios de alongamento e fortalecimento aqui.
Cirurgia na pubalgia
Caso todas as estratégias conservadoras não tenham resultado, existe a opção do tratamento cirúrgico. Pubalgia tem cura, e é muito raro um paciente necessitar de cirurgia, e mas em alguns casos ela pode ser necessária.
É importante esgotar todas as opções de tratamento conservador e insistir nelas, mesmo que demore para ter um resultado definitivo, já que não existe um tratamento cirúrgico que seja 100% efetivo.
Dentre as opções cirúrgicas, temos:
- Curetagem da sínfise púbica.
- Artrodese (fusão dos 2 ossos do púbis).
- Ressecção parcial ou total do púbis.
Pubalgia remédio
Uma das bases do tratamento da osteíte púbica é o uso de remédios anti-inflamatórios. Provavelmente , seu médico irá prescrever esta classe de medicamentos para aliviar a dor e diminuir a inflamação local.
Alguns exemplos de anti-inflamatórios são diclofenaco, cetroprofeno, celecoxibe, ibuprofeno dentre outros.
É importante a avaliação médica para que ele passe a dosagem e duração do anti-inflamatório que será utilizado. Evite a automedicação.
Pubalgia crônica
Esta pode ser uma evolução da da osteíte púbica. Caso ela não seja tratada precocemente, o paciente pode evoluir com uma cronificação dos sintomas, ou seja, ele pode ficar com um incômodo constante sempre que praticar exercícios.
Pubalgia tem cura, mas neste caso, o tratamento fica mais difícil e prolongado. Como uma grande parcela dos pacientes é atleta, é comum que eles queiram voltar à praticar esportes antes da liberação médica, o que pode piorar mais o quadro doloroso e levar a uma dor crônica.
Siga as orientações de seu médico, e evite a pubalgia crônica.
Pubalgia tem cura?
Sim. Com certeza a pubalgia tem cura.
O mais importante é que o paciente siga a orientação médica e faça o tratamento com fisioterapia e medicamentos de acordo com o recomendado.
É muito difícil para um atleta ficar afastado de suas atividades esportivas, mas esta é uma condição fundamental para a cura.
O retorno ao esporte deverá ser feito de uma forma gradual e progressiva sob supervisão. Isto aumentará as chances de retorno ao esporte de alto desempenho e evitará uma pubalgia crônica.
Quem não quer dizer “me curei da pubalgia” ou Pubalgia tem cura!
Procure um médico especialista em quadril ou medicina esportiva e siga o tratamento!
Referências:
https://www.healthline.com/health/osteitis-pubis#causes
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5737342/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3364059/
https://www.cspc.co.uk/complex-conditions/osteitis-pubis-and-groin-pain/
O Dr. Daniel é Oncologista Ortopédico e Especialista em Cirurgia do Quadril, tendo grande reconhecimento nessa área pelo Brasil e mundo afora. Hoje ele é credenciado e realiza cirurgias em Hospitais famosos como: Albert Einstein, Hospital Sírio-Libanes, Oswaldo Cruz e Hospital Santa Catarina, sendo referência no tratamento de problemas oncológicos ortopédicos e também como Especialista em cirurgia do quadril.
Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT)
Membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Ortopédica
Membro da Sociedade Internacional de Salvamento de Membro (ISOLS)
Médico Assistente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)
Médico Consultor do Grupo de Oncologia Ortopédica do Hospital Mário Covas da Faculdade de Medicina do ABC
Membro da diretoria da Associação Brasileira de Oncologia Ortopédica